terça-feira, 28 de outubro de 2014

Top 4 coisas impressionantes que abelhas fazem

Tamanho importa? Do cérebro, eu digo. As abelhas diriam que não. Com seus ínfimos cérebros de 1 mm3 e menos de 1 milhão de neurônios (nós temos, na média, 86 bilhões), elas se viram muito bem, obrigado. Elas veem o que nós não vemos, dançam pra se comunicar, possuem um senso de direção excelente e lidam até com conceitos abstratos.


Abelhas em Bee Movie são um pouco mais inteligentes do que abelhas reais. Mas só um pouco.

Visão além do alcance

De toda o espectro de luz que existe no mundo, em diferentes comprimentos de onda, como humanos, vemos apenas uma pequena parte. Essa parte é chamada de, previsivelmente, o “espectro visível”.


Logo abaixo do vermelho (o menor comprimento de onda que enxergamos) tem o infra-vermelho e logo acima do violeta o ultra-violeta.

Aí que entra a visão das abelhas: enquanto nós paramos no violeta elas nos ultrapassam e veem o ultra-violeta.

Isso não é exclusividade das abelhas - aves também veem uma parte maior do espectro. O que isso quer dizer é que elas enxergam o mundo diferente de nós - o que não chega a ser uma surpresa. A questão é que isso é importante pra elas.

Quando você olha uma flor, você vê só a flor. Bonita e tal. As abelhas veem uma fonte de alimento. E as flores contam com as abelhas pra polinizá-las. Então as flores sinalizam pras abelhas: “Ei! Néctar! Aqui!”.


Esquerda: como você vê a flor. Direita: como a abelha vê a mesma, com direito a sombra no meio, indicando onde está o néctar.

Dancing Queen (Bee)

Abelhas dançam. Mas não é pra sacudir o esqueleto (elas nem tem esqueleto interno). Elas fazem uma “dança” pra avisar às outras sobre novas fontes de alimento. Mas é difícil falar de dança. Melhor assistir:



Como o cara explica no vídeo, elas fazem essa coisa meio em forma de 8 pra indicar em que direção e a que distância está a fonte de comida recém-encontrada.

Quem primeiro identificou a “dança” das abelhas foi o etólogo Karl von Frisch, que ganhou o Nobel por isso. Com algum atraso, porque inicialmente as pessoas receberam com ceticismo a ideia de que abelhas tivessem um sistema tão complexo de comunicação.

Eventualmente, isso se tornou mais aceito. Fizeram estudos em que se monitora por radar o caminho das abelhas e como von Frisch já havia proposto, elas, de fato, usam a dança como meio de comunicação. É deixar o seu corpo falar por você.

Grandes navegadoras

Todo dia elas saem da colméia em missão exploratória, encontram fontes de alimento e voltam. Ok, nada muuuito impressionante. Aí entra um pesquisador empenhado e captura a abelha enquanto ela está tranquilamente indo de volta para a colméia. E leva ela para um lugar aleatório. E ela, após um momento de confusão, consegue encontrar o caminho e logo, logo está voltando pra casa, outra vez.

Essa tarefa aparentemente simples de voar por aí exige bastante das abelhas.

Requer que elas reconheçam pontos de referência - a árvore que fica perto da colméia, o rio na beira do qual está a flor que encontrou mais cedo.

Requer traçar rotas de um ponto ao outro, passando por outros lugares no meio do caminho: tipo quando você tem que passar no mercado, mas é meio contramão, porque agora você está indo visitar sua tia, então é melhor deixar pra ir no mercado na volta, porque aí o desvio é menor, já é caminho.




Se você se perder, pergunte pra uma abelha. Ela provavelmente conhece a região.

E elas parecem ter um mapa mental, pra coisas que não estão à vista - ou seja, elas não usam só o Sol como referência (como se acreditou por muito tempo). Se você faz elas acordarem na hora errada (com anestesia), elas ficam confusas quanto a posição do Sol (porque o horário é diferente, o Sol está em outro lugar no céu) e ficam com as rotas bagunçadas inicialmente. Mas logo depois conseguem corrigi-las, ignorando o Sol, e eventualmente acham a colméia e as flores no lugar de sempre, como num dia normal.

Conceitos abstratos

Conceitos abstratos: “esquerda/direita”, “igual/diferente”. Conceitos associados não a uma “coisa” em particular, mas sim à relação entre uma ou mais “coisas”.

As abelhas conseguem lidar com esse tipo de conceito. Sabemos disso através de tarefas chamadas delayed matching to sample (DMTS, que pode ser traduzido como correspondência atrasada à uma amostra).

Numa tarefa dessas, você tem uma arena em forma de Y (veja foto abaixo). A abelha vê uma cor no círculo inicial, escolhido aleatoriamente entre azul e amarelo (como na foto de exemplo abaixo). Aí passa pelo buraco no meio e vê dois corredores, um com um círculo amarelo e outro com um círculo azul. E a recompensa está no corredor do círculo que tem a mesma cor do inicial.




A arena em Y para o teste (adaptado de Avarguès-Weber e Giurfa, 2013).

Depois que elas estão treinadas, você pode para de usar as cores originais (azul e amarelo) e mudar pra, sei lá, verde e vermelho, ou até abandonar as cores e usar padrões em preto e branco (tipo, barras verticais ou horizontais). E elas continuam conseguindo obter a recompensa quase sempre, porque elas aprendem o conceito de “igual” - aprendem que a escolha correta é a coisa igual à coisa que elas viram antes.

Conclusão

Mais respeito com as abelhas. :)

quinta-feira, 9 de outubro de 2014

Sobre etologia e dragões

Eu gosto bastante de animações. Pixar, Disney, DreamWorks. Confesso que Como treinar seu dragão parecia até meio bobo pelo título mas acabou se tornando uma das minhas animações favoritas (junto com Wall-E, Shrek e Frozen). A história é ótima, a qualidade gráfica também, dragões sempre ajudam. Mas uma coisa que me chamou a atenção foi o comportamento desses dragões no filme.

Soluço e Banguela.

SPOILER ALERT!